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sábado, 13 de novembro de 2010

"A Verdade da Mentira"

Não é tudo tão claro quanto a água
e quem disso não estiver ciente
morre doente nessa escuridão

Aguardar que as benesses
surjam num estender de mão
é crer em milagres
como sendo uma incidência
com nada de fenómeno

Não existem coisas tais
que estejam ganhas de antemão,
não existem garantias
nem belas sem senão,
guarde-se o que se quiser
da vida
que tudo estará perdido
num dia Não...

Falsas esperanças são engodo,
deslumbres que deixam
água na boca
e a mente é louca se pensa
que mente à descarada
sem responsabilidades
...
ditas estas verdades
minto de novo
e faz de conta que ganhei o dia

domingo, 10 de outubro de 2010

"Chuva Cerrada"

Soundtrack: Manowar - "Today is a Good Day to Die"
http://www.youtube.com/watch?v=76smdM553zk

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Entretanto chove lá fora
e as lágrimas de um céu
que não existe,
encharcam os meus pensamentos
tornando-os pesados

Esse negrume que se constata,
escamuteou o brilho curto
de uma ideia que não foi brilhante
por ser abafada num trovejar

Gotículas que decidem agora
residir nas vidraças
do meu casulo,
roubam o sítio umas às outras
inscaciáveis!
roubam igualmente o sossego
do meu pensar
ridicularmente instável e
fácil demais de destabilizar

A chuva grotesca
como que esfomeada
de um qualquer apetite,
inunda todos estes sítios por onde
costumo deambular
em ressacas de privacidade
abalada por um estranho
que entrou como se fosse da casa

Entretanto chove lá fora
mais furiosamente
a cada momento que passa...
e eu espero que passe...

Fecho tudo enquanto dura
e aguardo passivo,
na coincidência de uma tempestade
que julguei estar fora de
portas
quando rebenta afinal
dentro daquilo que sou

domingo, 5 de setembro de 2010

"Arte e Engenho"

Sinto-me confortável nas artes
poém falta-me o engenho
aquilo que tenho são vontades
que em meias metades
fazem os meus projectos inteiros

Quando crio
sou mais que um pai do que nasceu,
sou um filho de algo que não é meu
nem tão pouco de alguém
neste Mundo,
sou órfão de lógicas
para que as ideias brilhem mais
que o resto

Sinto-me natural e
esse bem que me faz
transporta-me
de tal modo
que não tenho sítio onde ficar

domingo, 29 de agosto de 2010

"Introspecção"




Quebrando um sorriso com pouco
de sincero
fecho o rosto enquanto espero
que o dia encerre portas
para descanso

De apoio apenas tenho
a mão que ampara o queixo
como mãe que embala em
seus braços o filho
que precisa de dormir

Sentado e inerte
sinto que Deus se diverte
com o meu ar de perdido
como que manipulado
pela negligência que me oferece

Nesse instante torno a sorrir
com muito de malicioso,
caio em mim no conforto
que me dá desacreditá-lo
por saber que a vida
são episódios que ajudamos a construir

Relembro-me da sorte
...ou da falta dela...
e aí encarcero o olhar
nas coisas que prendem
os meus motivos,
penso num cigarro
numa cerveja
em algo que seja
uma saída para a fuga
dos meus reféns

Suspiro como que expulsando
para longe
os males que me acompanham
de perto,
e numa retrospectiva
faço um balaço de curta-metragem
que me faz render às realidades
duras mas honestas,
são aquilo que são...

Inspiro
com fome de ar,
como que se puxasse para mim
as coisas sem fim que
procuro alcançar,
agora que parei para pensar
deito a cabeça pesada
no consolo de uma almofada
descanso...
enquanto aguardo que se
abram as portas de um novo dia

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"Em Segredo..."

Segredo
é aquilo que de mais meu existe
que persiste anónimo
e resiste como sinónimo
de mim,
é meu no momento que nasce
é meu até ao momento
em que morra
(assim eu queira...)
perecemos os dois
conhecedores de um bem comum

Já não preciso disfarçar
ou camuflar as coisas que sei
como se fossem ouro
que não pretendo entregar ao bandido,
já vive escondido
alojado nos meus domínios e
privamos de quando em vez

O que me sustenta as ilusões é
poder segredar as emoções,
ser ouvido sem ser entregue
não estar esquecido
sem ser falado,
mas conhecer o que me conhece
de uma forma tão natural
como se não fossemos sequer
parte um do outro

Julgo que me pertence
qualquer segredo que guarde para mim
ainda que assim
esteja refém dos meus sigilos
selo um voto de fidelidade
entre os meus desejos
e a forma como os deixo viver... em Segredo...

domingo, 1 de agosto de 2010

"A Parte de um Todo"

Não há como ficar indiferente
se coisa nenhuma o é de facto,
não há como estabelecer qualquer pacto
com um fechar de olhos negligente
se todas as coisas e
toda a gente
de alguma forma se manifesta em mim

É quase impossível ficar de parte
e ver desenrolar os dias
na sequência habitual
sem ser parte,
não tenho como ser um aparte
nem mesmo nos momentos
que a vida nos põe de parte,
porque não sei
não quero saber
e mesmo que soubesse
faria por esquecer!

Não sei como apagar a minha presença
nem que moral sobre o
passar de cada minuto,
qualquer que seja o fruto
de uma árvore que cresça em nós
quero-lhe conhecer o fruto
e saborear-lhe o sumo
ainda que não mais torne
a poder matar saudades
de tal paladar

Quero conhecer todas as coisas
e não mais esquecer-me de
nenhuma delas
ainda que finjam nunca se ter
cruzado comigo

domingo, 6 de junho de 2010

"A Pouco e Pouco"

Um pouco mais será
sempre mais que pouco,
e o que quer que acrescente
será soma a algo
menor,
A junção de ambas as parcelas
liberta das suas celas
o passado e o presente
para que se juntem
a novos elementos
que o que está para vir
tem a oferecer

O que quer que seja
este pouco que há a juntar
será sempre mais que aquele
que existia antes,
em resultado assumo
que os poucos que tenho recebido
são na realidade mais que muito!

domingo, 30 de maio de 2010

"A Morte dos Sonhos"



"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."


                                                                                                      Fernando Pessoa
 
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Prisão de nós mesmos
a falência dos órgão que
permitem o delírio,
Sufoco do ar que esgota
o pulmão
e que aperta na palma da mão
um coração exausto
de batidas

Esgotamento depressivo
dos sonhos
que esbarram em paredes
sem janelas
não lhes permitindo observar
outro mundo
que não o que sonham

Esgar de dor
enquanto o sono reina,
é tão profunda a dor
quanto a dormida
cada noite está perdida
cada noite está contida
onde se encarceram as
doenças da alma

Gasto o sítio
gasto o caminho,
as solas não duram tanto
quanto aquilo que falta percorrer,
faltarão recursos
escassearão percursos
contando que hajam razões
falhará tudo
sobretudo o vazio que
seria de preencher

Entregues à sua sorte
deixo morrer
aqueles que nunca vi nascer

sábado, 29 de maio de 2010

"Homem Árvore"

O tronco da árvore que
rasgou este solo infértil
pertence-me,
mas as raízes que desbravam caminho
não o são,
porque são vontades...

Pertencemos aos desejos
e não o inverso
pelo que a árvore enraizada
é o homem que sou
e o sítio onde estou plantado
me está guardado
embora não prometido

Os ramos que me acresentam
são braços que estendo para
chegar mais longe
e tentar agarrar o
que está fora de alcance

O que é imaginado é a
semente do que sente
e a prisão dos sonhos
é sermos Homens enraizados
cujos ramos não alcançam
o mesmo que as raízes perseguem

domingo, 23 de maio de 2010

"Lucidez"

Acima de tudo reconheço
que desconheço a maior parte das coisas,
posto isto dispo-me de preconceitos
e procuro absorver como
uma esponja
tornando-me apesar de mais pesado
igualmente recheado de
novos elementos suficientes
para clarear o que menos domino

Para lá de onde o chão é falso
e se puxam tapetes
arrisco-me...
sabendo dos prós e contras mas
desconhecendo aquilo de
que são feitos,
dou um passo sem certeza
mas com a firmeza de
quem quer arriscar
e tentar ganhar

Tendo as noções
procuros superar-me com
um elemento surpresa
com mais ou menos de
contributo real,
ser disinto num cenário global
desconhecendo tanto quanto
aquilo que conheço

Arrisco-me de novo
enquanto penso
se será possível conhecer
seja o que for na vida?!

domingo, 9 de maio de 2010

"Sonhar Alto"

 - Perseguir os sonhos até à última réstia de esperança... SEMPRE!!

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Numa conversa mais emotiva
ganho ânsias e cozinho as receitas
que farão mim um vencedor,
ignorando limites e
esquecendo impedimentos,
Nestes momentos estou acima
e lá do alto todas as coisas
são pequenas o suficiente
para que as aperte na palma da minha mão!

Dialogando menos e
ouvindo demais,
bebendo da em copos de cristais
recebo a experiência
de quem já tem uma volta de avanço
e fico nas nuvens...
Em pesadelos ou sonhos
constato que duramos o suficiente
para ter o que baste para contar

Por um escasso período
olho para os meus sonhos e
não os reconheço como tal,
olho para eles e não se apresentam
como nada transcendental
mas como naturais objectos
em que irei pegar para adornar
a minha vida

Não caindo no erro
permaneço humilde,
apenas uso e abuso destes
escassos momentos em
que os sentimentos mandam
mais que a razão
e o sonhos são realidades
não ameaçadas pela ilusão!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

"Estou de saída"

(Meio morto, meio cansado...)

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Encho o peito de ar
e saio de casa,
fecho a porta com cuidado
para não a acordar
e saio,
saio do prédio
e sigo direito aos transportes
que me levam rápido demais
para o mesmo sítio
de sempre
de onde quase nem parece que saio...

Quando saio,
saio exausto das contrariedades
problemas e dificuldades
de um dia intenso
imenso num espaço temporal
que nem é tão grande quanto
se assemelha,
quando saio,
saio vitorioso por cumprir
com a responsabilidade
mas derrotado pelo cansaço
e debilitado pela exaustão,
saio fazendo questão
de sair com barulho
para fazer notar que cumpri!

Saio do prédio,
ponho um pé na rua
e encho o peito de ar,
expiro em seguida
saboreando o alívio
e sigo direito aos transportes
que me levam já sem pressa
para o sítio de onde parece
que apenas saio...

Ela não está...
mas entro com barulho para
fazer notar que cheguei
que estou de volta,
encho o peito de ar no silêncio
e parece que me enconsto
ao mesmo tempo que me levanto
para sem barulho
Sair...

sábado, 1 de maio de 2010

"Queda"

Estatelo-me de costas
após embater violentamente
numa parede que
ali não estava anteriormente...
Jazo dormente...
somente porque não tive
uma rápida reacção
á surpresa,
sofro pela dureza de um embate
agonio-me com a dor
sem ninguém que me trate

Esboço um tímido erguer
cancelado à partida
e deixo-me ficar á
espera de ser notado
estatelado... por culpa própria
maltratado...
Lambendo as feridas de
cão abandonado
atropelado por um comboio
de emoções

Embati desamparado
numa parede que já cá
não está,
num ilusionismo perfeito
demonstrativo da realidade
em que as coisas que nos travam
e magoam de verdade
estão dentro daquilo que não se vê!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

“Ponto de Não Retorno”

(Saudades do "Balhelha"... )


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Descubro que estes sentimentos são novos
Mesmo que já os tenha conhecido
E agora que tenho o coração partido
Não faço ideia de como dar a volta por cima
E me lembrar de ti sem fraquejar…

Guardo de ti esse teu Sorriso
Ainda que sejas muito mais que isso,
E agora que é tudo o que eu preciso
Não posso sorrir e
Solto a lágrima teimosa que te quer lembrar
Ainda mais que eu!

Chegando a este ponto de não retorno
Apenas me resta
Olhar para trás,
Lá onde ficaram as coisas que significaram
Muito mais do que possamos explicar,
Foste muito mais do que
O comum Humano
És muito mais do que
O sorriso que agora recordo,
Agora que acordo
Para esta nova realidade
Não a aceito!...
Porque não sei como o fazer…
E aquilo que tenho dentro do peito
É pesado demais para que tente esquecer,
Não há forma de dar a volta
A estes momentos
Apenas há forma de lhes sobreviver…

Esta triste Saudade
É a mais dura Verdade que este dia
Me reservou,
Uma rasteira maldosa que
A Vida me pregou e
Fico sentido,
Quero atribuir a alguém as Culpas!
Quero apontar o dedo a algo!
Quero soltar esta raiva desgastante
Mas não acho um alvo onde acertar…

Guardo para mim este pesar,
Escondo em mim o meu fraquejar
E recordo-te numa lágrima…

domingo, 18 de abril de 2010

"Na Corda Bamba"

As coisas que nos prendem
expandem-nos a imaginação,
aumentam-nos o número de sonhos
de desejos e aspirações,
toldam-se as emoções
que são breves de tanto
que se dispersam

As amarras não serão limitativas
mas com certeza que
se mostram condicionantes
será dessa forma que
que se irão traçar os
mesmos ou novos caminhos

As questões com que nos prendemos
são debates de ideologias
que muitas vezes tendem a
apagar a decisão pela sensação,
pela vontade, querer e
pelo estímulo,
pelo impulso de um pulso galopante
que quer tudo aquilo
que dizem ser de contornar

Se algum dia nos libertarmos
e olharmos em volta para
não mais ver o que nos prenda,
talvez sentiremos a falta de um limite
que rapidamente nos enjoasse
de tal prisão...

Indecisos viveremos os dias
inconformados passaremos o tempo,
entre o pisar de um risco
e o risco de o pisar de facto...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"O Diabo no Corpo"

Como se cada dia fosse o último, intenso e libertador!...

Abraços a todos!


Soundtrack: "Everything Invaded" . Moonspell



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Expulso os demónios do meu corpo
porque em dias que a loucura
me consome
não tolero a concorrência,
exploro a vivência de ser um louco
e nem tão pouco me perdoo
um só momento de fraqueza

Em dias que assomo à porta
de casa dos meus desejos
não espero que me abram a porta
nem quero que me convidem
a entrar,
estou lá para interromper
rasgar e fazer-me notar!
Ser eu e o ar que me rodeia
o alimento da ceia
daquilo que me possuiu!

Com os dentes corto os vidros
da montra onde me
encontrei exposto
e ofereço-me sem me vulgarizar,
porque estou neste jogo
para vencer mesmo
quando os demais julguem ganhar

Estou fera
porque me enclausurei sem razão,
Estou bera
insano na explosão de
todos os meus ódios que
o não são,
na pressa das minhas horas
com quem travo a luta ingrata
de tentar aprisionar os momentos,
estes meus sentimentos é
que são o bater do meu coração
e o tic-tac do meu relógio...

Às coisas que me movem e
me fazem andar sem os pés no chão
não ofereço a gratidão
mas concedo a comunhão de
uma cumplicidade,
a ser verdade...
os demónios não existem
o Diabo é que vive em cada um de nós!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Cela"

Tranquei-me num quarto escuro
com a chave por fora
e agora que me quero ir embora
não faço ideia de como sair

Sei que aqui as paredes são frias
e àsperas demais
o ar é contado
e cortado pelos meus acessos
de loucura,
aqui a noite é tão escura
como o dia
e as vozes que oiço
são mentiras que conto
a mim mesmo

Barriquei-me aqui dentro sozinho
mas no quarto que estava trancado
entraram de alguma forma
outros que não conheço
mas dos quais não sou amigo,
sei que cá estão comigo
mas que não estão para me ajudar

Trancado não sou mais um
na cadência registada lá fora
recolho-me para aqui ser o único
estou trancado e com a chave de fora...

domingo, 11 de abril de 2010

"A Outra Face"

Porque crescemos com a mais singular coisa que a vida nos traz e desaprendemos muitas vezes com facilidade as coisas sem razão nem explicação, sabemos que tudo tem um valor inestimável para nós de diferente forma e por esse motivo há que agarrar com unhas e dentes o que represente mais do que vemos numa primeira instância.
Hoje aprendi comigo mesmo, com as minhas acções e palavras e descubro-me como um Homem novo a cada momento da Vida que passa...

Vivam o suficiente para se arrependerem mas também para aprender!


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Eu que me ajeito bem mais
com as palavras
deixei por um dia
que o gesto falasse mais alto,
em sobressalto
aguentei o nervoso miudinho
de quem receia o fracassao
e ofereci bem mais que um
pedaço daquilo de que sou feito

Em acções dispendi todas
as emoções
para que não falasse
mais do que o necessário
e assim descobri
o meu outro lado,
um outro hemisfério,
que talvez deva levar tanto
a sério como
este lado do Mundo
onde me sinto como
peixe na água

Eu que me ajeito com as
palavras escrevo-as agora
porque acho que é
chegada a hora
de agir menos
e falar com as palavras
como sempre falámos...

Feitas as descobertas
há que não esquecer o que nos
acompanhou toda a vida

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"Devaneio"

Se pudessemos entender
a forma inesperada como as
coisas acontecem
seríamos atingidos
mas sobreviveríamos

Se pudessemos entender
a forma inexplicável como as
situações nos usam
seríamos sujeitos
mas levantaríamos a cabeça

Tivessemos uma chance
para pelo menos ver
o "Replay"...
e gravaríamos a falha
que obrigaria a acertar
numa próxima

sábado, 27 de março de 2010

"Entre Dentes"



- A todos os que sofrem de patologias como a Paixão, o Amor e derivados deixo o meu testemunho, desejando que nunca dêm o vosso lugar ao Sol como garantido mas sem esquecer nunca também que ao vosso lado poderá estar não a única mas uma das mais fortes razões de viver e gozar cada milésimo de tempo que passe como se fosse o último... Parece um chavão?!...Talvez... Sinceramente não me interessa, interessa-me viver, mas viver a sério!


P.S. - (É obvio que este Entre Dentes é mais que Teu!) ;D

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Entre dentes soprei-te
as verdades que pareciam mentiras
e contei-te os segredos que
nem eu conhecia,
guardei as iguarias que haverias
de provar se assim o quisesses...

És Mulher!
Mulher de Facto!
... e como tal vincas os traços
de uma personalidade
forte nas faces do meu cubo,
é assim que descubro
que não existem meias palavras
nem meias medidas
para lidar com o mundo dos outros

A medo baixinho dir-te-ia
que receio perder-te um dia,
sem receio desato aos berros
que só desistirei de ti a ferros!!!

Nunca existiu simplicidade
nesta novela que é o Amor,
nesse enredo complexo
insisto na conquista diária
de um espaço
de um passo na direcção certa

Tu guardas os teus trunfos orgulhosa
e eu nunca te mostrarei os meus...

Entredentes falo contigo como
se falasse com quem não existisse,
como se falasse sozinho
e aquilo que ouves são rascunhos
de poemas que escrevo
para mim mesmo,
falo contigo como falo comigo
...entredentes...

Não espero de ti uma boleia caridosa
que me leve sem esforço ao topo,
porque és Mulher!
Seria não te respeitar
se não lutasse por ti
se não fincasse o pé
se não me negasse a virar as costas,
porque sou Homem!!
e um Homem luta por aquilo que quer
seja um sonho
um desejo ou aquela mulher
que no meio das outras
falou sem palavras para tudo dizer...

Não esqueço nada
nem os podres,
apenas guardo tudo para saber crescer
agora que somos um
(faço de conta que não sei disso...)

Não és fácil
(perderias a piada...)
És bastante difícil
(e eu não desisto de nada...)
em resumo és muito daquilo
que me falta
mas agrada-me saber
que nunca terás o que eu tenho

Há capítulos atrás desfolhámos
as folhas do que nos definiu
como únicos,
sem contar histórias,
hoje procuro acrescentar
novas páginas
para que leias o meu livro
aberto no peito

Estou por aqui e
aguardo uma palavra tua,
aguardo que atravesses comigo
mais esta rua,
que possamos beber o café no
sítio onde gostamos
e que nos possamos amar como
nos amamos desde sempre!
Aguardo que possamos
assistir a outro concerto
e que possas continuar a ler
assim que eu acabe de escrever,
aguardo que possamos
gozar um com o outro
fingindo desprezo que é
disfarce da paixão,
aguardo que possas ouvir-me
falar demasiado e que
filtres como sempre o realmente importante!

Aguardo que não esperes por mim
e me ataques desde logo
antes que eu respire...

Aguardo ser teu!
mas não me guardes na gaveta
porque eu sou especial
sou um sem igual,
sei-o sem que mo digam
sei-o porque lutei para chegar aqui
com e sem ajudas,
fui intermitente mas
fui insolente ao ponto
de cuspir na cara da má sorte
e nem mesmo a morte
me vai convencer do contrário

Falo contigo como se falasse comigo
porque és um reflexo daquilo que sou,
não tenho reservas para
com aquilo que é meu
por isso o próximo Entre Dentes
será teu!

segunda-feira, 22 de março de 2010

"Voz da Consciência"

Com tanto de besta
como de bestial
chegamos ao Mundo
munidos do essencial
para fazer flores
mas só produzimos espinhos,
nos pormenores mesquinhos
deitamos as horas para
que lá pernoitem
e esquecemos
que são os minutos que contam...

Não há como justificar
a cegueira dos olhos que
nasceram saudáveis,
se ninguém impôs que
a vida fosse vivida dentro
de um quarto escuro,
aceitam-se os descuidos e
as falhas
mas para que servem as tralhas
que aumentam
mas que de facto não acrescentam nada?!...

Existem esforços gastos
em alturas de poupança,
momentos de nítida bonança
que só não o é
por um motivo qualquer que
ainda estará para ser revelado
e mais que isso...explicado...
onde se vai buscar as forças
para as batalhas sem objectivo
que travamos entre gargantas inflamadas?
...
As chuvas de chorrilhos de disparates
inundam e arrasam tudo por
onde passam...
tudo aquilo que levámos tempo
a conquistar,
não tenho palavras para justificar
o que me justifique a mim também,
como é que sabendo que não
somos Ninguém
mantemos a postura de que
somos este Mundo e o outro?...

Lamento os erros
agora que guardei 5 minutos do meu tempo
para descer à Terra,
em breve a Vida me fará levantar voo
para a urgência de um trabalho ou
de uma hora apertada,
e num momento menos sensato
possivelmente vou errar
para me castigar a posteriori
...

Irei levantar as horas
porque para mim são os minutos que contam...

sexta-feira, 19 de março de 2010

"Campo minado"

Procuro não pisar as minas
neste terreno armadilhado
pelo qual circulo meio assustado,
procuro não colocar o pé em falso
e assentar as passadas
em solo firme,
parecem-me areias movediças
aquelas que me puxam
para baixo..

Ergo a cabeça a medo
buscando uma vista do horizonte
que me permita entender se
ando a monte
fugido! ... ou talvez perdido...
aguardano que me achem?!

Sigo receoso
porque sinto que estou
perto de algo perigoso
que me engula sem
tirar de mim o sabor!

Estou apertado pelo
meu peito que fechou o punho
à volta do meu coração,
cortando-me a paz e
a respiração,
desgastando as forças que
ainda restavam...

Refém dos meus medos
cumplice dos meus segredos
rogo para sobreviver

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Dia Não"

Desabafamos como podemos ou conseguimos...

Este poema é para os "Dias Não" que todos temos... Um dia de cada vez sempre na Luta!

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O coiçe do meu coração
carrega-me o peito de dor
e sofrer,
porque hoje acordei morto
de boas sensações
sinto que vivo no embalo
das rotinas

Desmembro os meus ideiais
e dispo aquilo que me cobria
de algum interesse,
espero pela hora que
vem a seguir à hora onde estou
na ilusão de que outro momento
possa ter contornos distintos
do momento que passou

Humilho-me e obrigo-me
a reconhecer o fracasso
e não me pemito nem mais um passo
sem que retroceda dois ou três,
não vou a lado nenhum
(nem sei se quereria realmente ir...)
na verdade está-me a ser difícil caminhar
sem cair,
assim o receio impera
e não espera outra coisa
a não ser que eu o receie

Hoje o dia é de facto de luto
pelo falecer da força que me iludiu
até hoje,
aquilo porque luto
desistiu da luta que travávamos,
não ganhei
nem perdi...
fiquei completamente na mesma
nulidade em que me achei
há capítulos atrás

Espero pela próxima hora
para compravar que nem tudo
é uma questão de tempo
e que são as ilusões que sonhamos
que nos reprovam
e nos retêm

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"Palavras Geladas"

Queima-se a língua
no gelo das palavras
cortantes,
rasga-se o manto
que cobria as frases
e as ornamentava de
tuneis com luz no fim

Num surto epidémico
espalha-se o gelo
e o Sol desmaia
em cama de nuvens,
num quarto cinzento
chove dos olhos
de quem gelou
e se arrepiou de frio
com as farpas das verdades
cuspidas num trovão
libertado num duro discurso

Gela o sangue
quase rasgando veias,
quase colapsando um bater cardíaco,
em teias emaranhadas
expulsam-se inconsciências
que exigem ficar envoltas
na confusão,
num quarto cinzento
por mais que um momento
ouviu-se gelar um coração!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"Saber vago..."

Não sei e
acanho-me,
ignorando as coisas
sou retribuído de
sabedoria
e as coisas não sabem de mim

Desconheço de facto
e aquilo que conheço
é-me familiar de alguma forma
ou tenho ideia de já ter visto,
vislumbro qualquer indício
de já ter visitado
este ou aquele sentir
mas não lhe reconheço
a origem

Caminho sem bases
passo a passo,
percorro as fases
ignorando os capítulos,
sabendo pouco
e conhecendo menos
mas sentindo que algumas
situações são novas
mas não a estrear!

Vividas em metades
meias mentiras
meias verdades,
as escolhas são variedades
limitadas àquilo de que sou sabedor,
com muito ou pouco sabor
provo de tudo
aquilo que me prova,
para guardar o saber
de quem não sabe mais
que os momentos são curtos
ou longos demais
e as coisas softs
podem ser mais duras que pedra

Não sei de facto
nada que me permita
dizer que sei,
mas reconheço que
há coisas que me conhecem
de gingeira,
melhor do que algum dia
me conhecerei a mim!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

"Intermitência"

A falta está quebrada
por intermitências agradáveis,
grato recuso as mão estendidas
que em fantasia me procuram,
as mãos que me seguram
são as mesmas que me largaram

Inconstante...
estas marés de bons apontamentos
não passam de momentos
trazidos e levados
pelas ondas que definem
o curso do meu percurso

Recuso as mãos estendidas
mas ofereço as minhas
para que fiquem sozinhas

domingo, 7 de fevereiro de 2010

"Horas Mortas"

Em perfil de assassino
mato os meus minutos
ainda antes que eles nasçam
não lhes permitindo que vivam
ou existam de facto,
Em crueldade espelho
a maldade atroz
de tirar a voz
à mensagem que me haveria
de ser entregue
não a tivesse eu entregue
ao nada
permitindo que nada se passasse

Em pele de malfeitor
estagnei as horas e
parei o tempo,
as horas mortas fui eu que as
matei...
sem remorso... mas com pena...

e agora que eu queria
não tenho como ter tempo
sem me sentir culpado

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"Fast Forward"

Cada um com as suas "paixões" mas as minhas são vividas em queda livre...

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Universo gritante
em que vivo envolto
e solto....

Disfruto do fruto
proibido para alguns
que são nenhuns para mim,
vibro!
Mundo aceso
preso a nada
solto...
Onda de tudo
força impetuosa
saborosa!

Em paralelo
com a vida a que
chamam de vida,
está em mim embutida
essa pujança de um sentir diferente
estremeço com o gritar
de um som
que é mais que música para
os meus ouvidos

Pulsante,
o sintoma contangiante
que eu pego de mim
para mim,
outros tantos que existam assim
viverão igualmente famintos
de mais outros tantos instintos
como estes que impõem
o abuso de um momento
vivido a cem por cento!

USO! e abuso!
VIbro! GRIITOO!!...
Alucino e transporto-me...

só desço à terra quando a música terminar...

domingo, 31 de janeiro de 2010

"Blackout"

Falo sem assunto...
apenas porque acho que esse espaço vazio
entre o meu silêncio e
o dos outros havia de ser calado,
tenho pouco a acrescentar ao
que já está acrescido
mas procuro acertar
no que expulso da minha boca
cheia de vazio
para trazer não mais do mesmo
mas Mais de facto!...

Crio um pacto neste estranho diálogo
e concordo em concordar mais
do que discordo
com esta coisa do silêncio,
acho assim a forma ideal
de não meter palavras na boca
dos outros nem na minha,
evitam-se equìvocos
contornam-se tabús
e ficamos nús frente a frente
podendo dizer seja o que for

Digo tudo como os malucos
numa conversa que tem de facto
o seu quê de louca
e enquanto fecho a boca
digo-te bastante mais
do que nas vezes em que me permiti
falar demasiado

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

"Parte Incerta"

"Porque existe aquele lugar cá dentro onde tudo se passa como se existisse um Mundo dentro de outro..."

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Depois daquela rua
existe uma outra rua,
que não é a minha
nem tão pouco a tua
mas que é nossa...

Após aquele sítio
existe um lugar
que nos pertence
sem que dele façamos parte,
mas que é parte daquilo
que é tudo o que somos hoje

Algures naquele planeta,
existem coisas que são
de outro mundo
que não o nosso,
mas que é o mundo de
que fazemos parte

As antíteses aproximam-se
e mutam-se
para mudar com elas
as noções e visões,
assim não sei se olhamos
o que é ou o que já foi

Mas tenho a certeza que é depois daquela rua...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"Lado B"

Soundtrack:  "Invocation of  Naamah" - Therion


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Subtilmente estilhaça-se
a calma com um grito audível
nas tensões crescentes
em chamas de raiva,
explodem sentimentos
que transbordam de lamentos
nestes e noutros momentos
mais ou menos dignos
de serem tidos em conta

A gravidade das consequências
explica a importância das causas
e nas pausas
desmontam.se cenários que
cobriam o que havia
para mostrar

Condensam-se as febres
e estipula-se a disputa
por uma vitória que será
sempre a derrota de todos,
não há como vencer
as causas perdidas,
não há como cuidar
das coisas antigas,
não há como lembrar das coisas esquecidas,
resta que a sobra
seja suficiente para
oferecer sonhos a um pesadelo

Em tréguas afoga-se o grito
mantendo a tensão em alerta,
aquilo que desperta também adormece
e arrefece...
baixam os níveis
e já menos audíveis
escutam-se vozes sábias
conscientes de tudo,
transparentes dos nadas
que compõem tudo
o lado B da vida
devolve o grito de volta...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

"Minutos Contados"

O tempo é a única coisa
que não muda com o tempo...

Tudo o resto finda
ou cessa num maior
ou menor espaço temporal,
A morte
A velhice e
até mesmo a criancice,
atingem-nos e passam por nós
usando-nos,
sugando-nos o tempo
roubando-nos por um tempo,
largando-nos sem altura certa

O tempo dura o mesmo
e altera as coisas
mas nada lhe dá a provar
um pouco desse mesmo veneno,
o tempo é sereno
e não tem horas
para si mesmo
mas sim para os outros

Já não vou a tempo
mas ainda assim
procuro a forma de mudar
o pouco tempo que ainda tenho

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

"Amor e Ódio"

Mato-me!...

Assim que mordi as palavras doces
que tinha na boca e
as cuspi fora sem sequer
chegar a guardar o sabor,
assim que rasguei o beijo que
tinhas para me dar
com o corte de um olhar cinzento
e por isso lamento...

Foi  de ti que parti
em busca de em ti me perder
mendigo das tuas esmolas
sem abrigo do teu tecto,
incorrecto...
livre de ser preso
ao emaranhado dos teus cabelos

Mutilo-me!...
Em golpes fundos de
dor latejante,
na fúria gritante dos actos maldosos
dos meus pensamentos
que já foram sangrentos para contigo,
adversário amigo
brinco contigo ansioso por te ver perder
e reconhecer-me,
Gloreia-me e venera
para que te pise!...
e me arrependa logo em seguida...
para que te veja ferida
e me sinta bem por só eu te poder tratar

Mato-me mesmo!...
Mato-me furioso
por ter gozo em tudo em
tudo o que te tira Tudo,
fora eu mudo que falaria destas coisas
de outras maneiras
só mesmo para poder falar delas,
Mato-me porque te atormento
e por isso lamento...
sou um inconsciente com
consciência pesada,
Mato-me antes que te deixe
reduzida a Nada...

domingo, 17 de janeiro de 2010

"Cogitação"

Soundtrack: "In Motion I/ In Motion II" - The Gathering


Dias em que o remorso, pena e lamento superam as noções do que se julgava correcto da nossa parte, a  atitude correcta que julgámos tomar ou qualquer coisa que já tivéssemos dado como certa e encerrada demovem-nos e alteram o estado de espírito sem pedir e sem aviso...

... A essas mesmas coisas o meu tímido apontamento de hoje...





Sentei-me à mesa do café comigo
para tirar partido dos cheiros
toques e sons
que me despertassem e me mostrassem
quão vivo posso estar
e quão disponível a minha sensibilidade
se possa mostrar para partilhar
dos meus motivos
e esbanjar nas palavras escritas
muitas mais do que nas ditas

Gladiei-me de razões
e travei-me de opiniões
muitas vezes...
mais do que as necessárias...
e hoje depreendo que me poderia
sentar com muitos outros para
partilhar este café que me sabe
como se fosse o último
(sendo que o pode até ser...)
Assim não me conforto
e estar vivo é uma descoberta própria
que faço e desfaço
com experiências aleatórias,
compassadas em memórias
tidas e prometidas

Há quem puxe por um cigarro
na mesa ao lado e
eu invejo-lhe o vício,
desconforto-me por não ter olhos postos
na chávena do meu café
que vai a meio
assim como eu,
meio cheio
meio vazio
procuro outro ponto de onde
descortinar razões para os meu motivos
motivos para as razões que apresentei
ao longo do tempo
para ao longo do tempo me apresentar
sombrio e húmido

Levanto-me e pago a conta
assim como se ficasse a dever...

Na rua procuro de novo
o toque
o cheiro e
o som...
qualquer coisa que me dê o tom
da próxima nota a tocar,
quero das coisas que elas
me queiram
e das coisas que se entranham
que em mim se instalem
e me acrescentem

Já não nego as saudades
nem desminto as verdades
é mais que certo que cometi os erros
de outros e tive
originais meus...
Comungo de crenças e
demarco-me de associativismos
rendido,
poupo os demais
e penitencio-me

Regresso a casa
embriagado do que ouvi
extasiado com tudo o que senti
alucinado pelas coisas que vi
e sento-me comigo a mesa
com a certeza de que
a companhia não é a mesma
que saiu comigo à rua

sábado, 16 de janeiro de 2010

"Alma Gémea"

Falamos sozinhos em voz alta e podemos aparentar ter um parafuso a menos mas quando falamos para nós mesmos de outras formas mais subtis mostramos inteligência, seja como for, seremos sempre a melhor escolha para a partilha das coisas que guardamos cá dentro...




Conversa com a Alma e
diz-lhe as coisas que afogas
num soluço de choro,
nem que sussurres...
Conta-lhe!...
explica-lhe que terias dito
bem mais cedo
(assim tivesses a coragem...)
Sê assertivo
e assim não deixes pela meia medida
aquilo que deves de uma só
vez deitar cá para fora

Dispara e
abre o peito às balas caso elas
procurem o caminho de volta,
corre o risco mas não o pises
e nessa tarefa explica-lhe
que as coisas que fazes
são porque te parecem pistas
de melhores caminhos a seguir

Diz-lhe que vives
no intervalo de cada batida
de coração,
mas mostra-lhe que a vida
estará perdida se estiver na mão
de qualquer outra pessoa que
não um de vós