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quinta-feira, 31 de março de 2011

"Tempo Contado"

Parece-me que temos pouco tempo!

Já nem falo daquilo que duramos
porque a vida são de facto
três dias,
refiro-me antes ao tempo
que está contido
dentro desse mesmo tempo
que nos consome bem mais célere
do que inversamente somos capazes
de o manobrar

Tu e Eu
temos velocidades diferentes
e talvez por isso os desencontros
se sucedam,
desta forma não sei onde
te achar,
se na rapidez dos tuas euforias
se nas minhas lentas melancolias

Inocentemente prefiro pensar
que algures nos cruzamentos
das nossas trajectórias
as nossas histórias
terão os minutos necessários
para se tornarem em dias,
os tais três dias que
fazem uma Vida...

Neste tempo que não temos tido
tive tempo para pensar,
que o pensamento é
bem mais rápido
quando te julga encontrar
despreocupada de ti,
aqui, neste sítio onde os
momentos são todos meus

A falta que fazes
nas horas que mato
por não terem essência
é carência,
de uma hora ou duas
que seja o suficiente
para sufocar saudades tuas
na minha fraca respiração
de um peito apertado
pela opressão de um tempo
com tempo contado
para estar contigo

domingo, 27 de março de 2011

"As Aparências iludem"

Não tenho
mas faço de conta
que há em armazém,
não digo a ninguém
mas conto com os olhos
a todos e mais alguém...

Não sei,
mas dou a aparência
de que conheço,
porque estou por fora
e não quero que ninguém
me expulse de lá de dentro

Ultrapassa-me
mas no entanto faço aquele
papel de quem acompanha
a par e passo,
não faço
no entanto quem veja
parece que detenho a patente

Não sou assim...
de aparência...
mas aparentemente
e tal como toda a gente,
tenho estes escudos
que me resguardam de um
série de coisas e possibilidades
digo as minhas verdades
através das minhas mentiras e
sou eu com defeitos
a ser original

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Sem Palavras"

As palavras têm elas próprias
permissão para não ter palavras...

Numa abstinência de diálogos
existe comunicação suficiente
a brotar de um silêncio oportuno
e escutando atrás das portas
de uma expressão que
não teve voz,
descobrem-se verdades
clareiam as realidades
que por tempos indefinidos
teimaram em esconder
nas palavras de quem fala apenas
porque tem de ter algo a dizer

Em silêncio entendo
que as palavras têm dom
de ser segredo
e que ditas ou não ditas
são enredo delas mesmas

quarta-feira, 16 de março de 2011

"Possibilidades"

Podendo seria mais...

Acrescentado ao diminuto
seria árvore que deu fruto,
célere
teria desenvoltura
e estaria à altura
que nem gente grande!

Podendo teria mais...

Ostentando presença
relevando certezas
caçando as prezas
e libertando-as em seguida

Podendo
as lamúrias seriam boatos
na minha boca
que fala mais do que aquilo que pode

domingo, 13 de março de 2011

"Demónios"

Esta música que oiço volta e meia
traz espinhos que custam a retirar,
nesta melodia que encanta
as almas perdidas com que me debato
constato que de facto
todo o som é fruto
de uma árvore estéril
que foi anteriormente a minha imaginação

Pequenos trauteios passam por mim
vindos da boca de alguém
que o não é,
como num disco riscado
o excerto repete-se até à exaustão
para que se entenda que
não existe a intenção de o cessar

São figurinos mal delineados
sombreados de essência incerta,
são reflexos que os espelhos não devolvem
mas que eu vejo de alguma forma

Ao som de uma e de outra
indecifrável canção de embalar ,
ausenta-se o descanso
retira-se o sossego,
o apego aos maus instintos
torna-se primazia sem que se note
ou denote de que forma
foram embutidos

domingo, 6 de março de 2011

"Passo a Passo"

Os passos descontraídos no passeio
desdenham da pressão dos que se cruzam
no caminho inverso,
aparentemente não existem motivos
para apressar o passo
e arrepiar caminho

A livre vontade que me conduz
trará um destino ocasional
que me há-de elucidar
bastante mais que todos aqueles
sítios planeados onde estive,
onde quer que trave o caminhar
darei início a uma outra viagem
sem mudança de lugar
e certamente lá estarão muitas das coisas
que em passos aleatórios
torna a procura demorada

Passos despreocupados trilham
o meu caminhar disperso e
nenhum passo em falso
me é permitido
no que diz respeito a
caminhar no sentido inverso
da ritmo desenfreado
dos que caminham ao contrário