Para os dias infelizes, horas incómodas, minutos constrangedores ou tempos indeterminados em que não nos queremos ver nem pintados e deveríamos agarrar o touro pelos chifres.
Passei nas ruas onde atravessaste
para o outro lado
na esperança de te apanhar no regresso,
caminhei num passo apressado
num desejo travesso
de atravessar contigo e seguir-te...
Passei nas ruas onde me evitas-te
mudando de passeio
e guardo este receio,
de não mais poder caminhar
a teu lado
para todo o lado
ainda que não vás para lado nenhum
Volto aos sítios de onde saíste
procurando ainda apanhar a
tua sombra,
numa passada fugidia
ser a sombra da sombra
durante a noite...
durante o dia...
ser a alma que escondes quando
me vês a chegar
Tenho procurado num jogo
de escondidas achar-te
para no fim seres tu quem
se mostrou...
e entendi o que não havia entendido,
percebi que não havia compreendido,
estarreci perplexo...
face à frontalidade do meu reflexo
fugi de mim próprio e
fingi comigo mesmo
para ser anónimo ao ponto
de já não me reconhecer
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